segunda-feira, 8 de março de 2010

AÇÚCAR E MELANCOLIA

Existem as coisas feitas de açúcar
e as outras
de melancolia.

E entre elas resisto com uma flecha
trespassada no corpo
há dias resisto, ou não, entre passos

não ouvi o ruído da seta cortando o silêncio do ar
a seda do ar amparada no espaço
rompeu-se a transparência de luz
entre mim e seta
que havia um segundo antes
o som

nem o baque seco do objeto
alinhando-se às leis da física
a perfurar matematicamente meu corpo
biologicamente meu corpo
na ferida agora oculta sob a camisa grená.

Há coisas entre os dias que se perduram
por existirem em outras cores
entre açúcares contidos
à margem de outras coisas que bordejam
a melancolia
e os ossos, a terra e o envelope onde havia
uma carta de alguém que esperançoso
espera uma resposta que não escrevi.

E quando ouço meu nome
meus pés não caminham
se desemparam
minha boca se distrai num canto
inaudível
e daí entrelaço as mãos perceptíveis
forjando mandalas invisíveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário